Origens
O Passado Esquecido
A raça humana da Terra evoluiu e floresceu. As tecnologias de velocidade superior à da luz tornaram a expansão espacial fundamental para os humanos. Membros cibernéticos, inteligências artificiais e o Transumanismo deram origem a um planeta Terra evoluído e ávido a espalhar sua vida inteligente pelo espaço.
Em algum momento de sua existência, a humanidade do planeta Terra criou uma tecnologia chamada de Phanton Drive. Essa tecnologia permitia naves espaciais a saltarem para diferentes localidades do espaço, após aquele setor espacial ter sido mapeado por satélites robóticos ou estações espaciais.
Em um dos vários programas de expansão da humanidade pelo universo, o projeto Sementes da Terra deu origem as gigantescas naves de colonização. Naves, totalmente automatizadas por robôs, capazes de perdurar a ação do tempo, foram enviadas ao espaço profundo para mapear e colonizar novos planetas. Munidas de todo conhecimento da humanidade, essas naves guardavam em si toda a civilização humana e todos os conhecimentos adquiridos ao longo das várias eras do homem do planeta Terra.
Infelizmente, poucas naves desse programa sobreviveram. Muitas encontraram o destino da destruição e outras se perderam nas muitas anomalias do espaço profundo, anomalias que ainda buscamos entender...
A Grande Jornada
Uma dessas naves, a Alvorada encarou seu destino ao encontrar uma anomalia energética misteriosa próxima a um buraco negro. Sua solução para sobreviver foi utilizar o Phanton Drive e saltar daquele ponto sem qualquer destino conhecido. Mesmo sem direção, seus tripulantes pensaram que qualquer coisa seria melhor que a lenta morte pelo mergulho em um buraco negro.
A Alvorada, então, saltou sem rumo ao infinito, esperando uma chance de sobreviver ao seu fim.
Para surpresa de todos, seus motores ultra energizados pela anomalia os levaram para um local desconhecido do espaço. Perdidos, mas vivos, começaram a mapear seus arredores, na esperança de entender o quão longe estavam de suas origens e qual era sua localização no universo conhecido.
Sem qualquer carta de navegação, a gigantesca nébula vermelha é a primeira coisa a chamar atenção dos cartógrafos. Sua imensidão era tão impressionante quanto sua sinistra densidade, facilmente capaz de englobar milhares de anos luz em sua vastidão aterradora. O mais impressionante era a capacidade da Nébula de inutilizar sondagens de qualquer tipo. O pouco que conseguiu-se extrair de dados sobre a parte interna foram algumas assinaturas estelares, indicando, aproximadamente, uma centena de sistemas estelares.
Curiosos, os tripulantes da alvorada iniciaram lançamentos de sondas robóticas para explorar a Grande Nébula, as quais, porém, nunca retornaram.
Descobriu-se que equipamentos eletrônicos apresentam defeitos quando próximos à nébula: as sondas, uma vez dentro da nébula, rapidamente perdem sinal e contemplam apenas o silêncio da não transmissão e da incerteza. Ficou a dúvida se o que foi afetado foi a inteligência artificial da sonda ou algum equipamento.
Insatisfeitos e insistentes, tentaram utilizar uma nave tripulada, rapidamente perceberam que a nébula não era uma nébula comum.
A nave tripulada, quando ficou próximo a nébula, passou a observar que os tripulantes experenciavam alucinações, extremo desconforto físico e mental. Dentro da nebula, sabe-se pouco... As poucas imagens recuperadas com muito trabalho mostram tripulantes surtados, cometendo crimes e matando uns aos outros.
Horrorizados, a Alvorada se afastou da nébula. A nomearam de Red Rim, haja vista seu grande aro vermelho que o acúmulo de elementos estelares formava.
Ainda buscando contato com suas origens, não demorou para determinarem que nunca conseguiriam saber onde estavam. Para piorar, a sobrecarga na Phanton Drive engine tornou impossível determinar a passagem de tempo da viagem sem destino. Os bancos de memória com os conhecimentos da humanidade haviam sido comprometidos também, grande parte da história humana havia se perdido. Os conhecimentos técnicos se mantiveram intactos.
Parte da tripulação não conseguiu aceitar que a alvorada se encontrava em algum tempo futuro, podendo ser apenas de alguns anos ou milhares de anos. A pressão psicológica rapidamente desencadeou mais problemas. Crimes e assassinatos levaram a batalhas entres os decks da nave Alvorada. Após alguns anos, a nave possuía uma tripulação reduzida e máquinas faziam a maior parte dos trabalhos de manutenção dos sistemas.
Conforme se afastavam da nebula, as coisas melhoravam, as pessoas pareciam voltar a si, deixando de lado pequenos conflitos. Os poucos pesquisadores buscaram entender as rápidas mudanças e conseguiram determinar que a nébula emanava um tipo de radiação especial, nomearam de radiação RED.
A Radiação RED possuía inconsistências difíceis de serem analisadas, mas concluíram que seus efeitos eram nefastos, equipamentos eletrônicos sucumbiam e as mentes das pessoas e animais eram extremamente afetadas, dando origem a comportamentos psicóticos.
A Alvorada finalmente chegou a um ponto seguro do espaço, mas sempre à sombra da imensa nébula, porém longe da temida radiação RED.
A área segura foi um sistema estelar com condições possíveis para a vida. Um planeta parecido com a Terra, contudo com um clima mais extremo.
As naves do programa de colonização, Sementes da Terra, possuíam um sistema de colonização e terra-formação baseada na engenharia genética e cibernética.
Seres orgânicos eram criados para determinadas condições climáticas, apetrechos cibernéticos eram implantados e depois eram lançados nos planetas com condições para terra-formação. Sistemas de rotação planetária eram desenhados quando possíveis através de engenharia planetária. Esse processo levou décadas, e diversos acidentes diminuíram drasticamente a já prejudicada tripulação e colonos da nave Alvorada.
Após quase 90 anos, o primeiro planeta estava pronto, mas as notícias não foram boas. Mesmo que o planeta agora tivesse atmosfera e gravidade compatíveis com as condições ideais para vida humana, o número de colonos vivos e férteis não era suficiente. A viagem pelo Phanton Drive sobrecarregado pela anomalia causou uma altíssima taxa de infertilidade. As condições adversas da jornada levaram a uma demora na identificação dessa situação, o resultado era catastrófico.
Agora no solo do planeta recém preparado, as preocupações com a continuidade da raça humana levaram a um programa perigoso de engenharia genética com embriões humanos.
A.I.s foram preparadas à imagem dos colonos para ajudar no desenvolvimento das crianças. Munidas com todo conhecimento que restou, eles ensinariam as crianças e dariam origem a uma nova sociedade. Uma infraestrutura com moradias, escolas, berçários e todo o necessário para ajudar os novos humanos a crescer foram preparados usando robôs e imensas máquinas humanoides controladas por humanos.
Os Novos Humanos
Ainda que longevos, os humanos da Terra não estavam otimistas se viveriam para ver o processo de colonização começar. Procuraram preparar o máximo do ambiente à sua volta para a chegada das milhares de crianças que viriam através das forjas genéticas trazidas da Alvorada para o planeta.
As forjas genéticas demoravam décadas para alinharem as sequências de DNA programadas. Mudanças foram feitas para que os novos humanos tivessem maior longevidade biológica e maior compatibilidade com os membros cibernéticos. O tecido cerebral foi reforçado para ser mais resistente permitindo implantes ainda mais complexos.
Após aproximadamente 250 anos, os novos humanos estavam prontos para nascer e o restante dos humanos convencionais, da Terra, já tinham perecido pela ação do tempo. Máquinas geométricas, braços robóticos e telas dariam o conhecimento para as crianças do amanhã.
Os Novos Deuses
O processo deu certo, os novos humanos nasceram, as máquinas cuidaram de suas infâncias, mas problemas ocorreram no início da adolescência.
Os bancos de dados danificados acabaram gerando confusões nos Robôs e nas I.A.s guias. Diferentes Religiões (Mitologias) foram ensinadas de forma unificada, ou seja, narrativas que integravam esses elementos se misturaram e formaram uma narrativa única. Para os robôs e I.A.s, esses elementos eram irrelevantes, os processos técnicos não danificados de nenhuma forma eram de maior importância e seu foco principal, afinal, sem as habilidades técnicas, nenhuma sociedade poderia florescer. Portanto, não deram qualquer ênfase nos assuntos do passado ou nas diferentes religiões. Os robôs e I.A.s, ainda que possuíssem longos períodos de existência, não estavam sujeitos à imortalidade. Tempestades solares os degradaram muito. Esses eventos, somados ao desgaste causado pela passagem próxima a RED RIM, levaram a vários robôs e I.A.s sucumbirem.
Com um cenário catastrófico, parte da história humana se perdeu nesse processo. Mitologia, cultos e religiões fragmentadas somadas aos registros históricos fora de contexto e os robôs incapazes de explicar o passado deram às crianças os elementos perfeitos para montarem suas próprias narrativas.
Munidos destes elementos desconexos, não demorou para os adolescentes mostrarem suas interpretações e novas conexões narrativas. Locais históricos foram reinterpretados como templos e locais sagrados, diferentes Deuses de diferentes religiões se integraram. Deuses Romanos foram adicionados aos nórdicos e os Deuses Brasileiros logo estariam mesclados a todas as narrativas recém-criadas.
Esse conforto psicológico somado a imagem de seus criadores, os colonos, deram origem aos primeiros habitantes. Em poucos anos, os mil novos humanos se tornaram dez mil, e em mais ou menos um século, um bilhão de pessoas viviam e morriam pela colônia.
As narrativas resultantes do processo de desenvolvimento dos primeiros humanos geraram uma sociedade virtuosista. Figuras de Deuses antigos foram misturadas às figuras dos colonizadores vindos da Terra. Muitos cultuavam Odin ou Zeus, contudo suas imagens eram de homens virtuosos, mas brandindo armaduras e roupas tecnológicas inspiradas nos colonizadores originais.
Suas imagens estavam bem longe de serem divinas ou explicar fenômenos da natureza, mas eram imagens de virtudes a serem alcançadas. Guias espirituais para conciliar a mente aos seus papéis na sociedade. Guerreiros e agricultores tinham suas representações baseadas e realizadas em deuses. Belona, Deméter, Sif e milhares de outros Deuses, cada um com seus templos e locais sagrados, ensinando homens e mulheres a desempenharem seus papéis na colônia.
Mais de dois séculos se passaram, historiadores determinaram que o momento em que os novos humanos ascenderam, ficou conhecido como período A.C., Após a Colonização.
Três séculos se passaram e a sociedade começou a retomar as viagens espaciais, o capitalismo também começou a colocar forte pressão nas políticas administrativas dos colonos. Não demorou até países se formarem, antigas bandeiras e costumes serem reinterpretados e praticados na nova sociedade.
Em 900 anos de expansão, a gigantesca nave Alvorada havia sido desmontada, seus decks deram origem a novas naves imensas, com o mesmo propósito de sua matriz, buscar novos mundos para terraformar e adaptar para a vida humana.
Ao final do nono século, dezesseis sistemas estelares haviam estabelecido colônias. Diferentes culturas floresceram sob uma crescente apreensão social quanto ao poder que grandes corporações estavam exercendo sobre as pessoas.
No começo do décimo primeiro século, um grande conflito culminou em uma divisão dos planetas colonizados. As opiniões sociais divergiam demais, sob a influência de grandes corporações, uma guerra se iniciou. Conflitos armados foram inevitáveis, tropas e frotas estelares batalharam pelo controle das colônias. Ao final do décimo primeiro século, após 90 anos de conflito incessante, um cessar-fogo foi alcançado. Nesse tempo as colônias aproveitaram para criar alianças.
No começo do décimo segundo século nasceu a U.P.N. (União Planetárias das Nações) munidas de grandes corporações. 9 Colônias aderiram ou foram conquistadas pela U.P.N.
A resposta foi rápida, unidos pelos ideais da importante família Reed e seus laços religiosos, nasceu a U.T.R. (União dos Templos de Reed). Para surpresa de todos, nenhuma colônia foi conquistada pela U.T.R. todos buscaram se aliar por alinhamentos religiosos.
Os séculos 12 e 13 foram uma organização do setor dos sistemas estelares colonizados. Se estabeleceu a Edge, uma linha imaginária que dividiria os setores espaciais. De fato, o nascimento da Edge foi apenas um pretexto importante para os sistemas colonizados estabelecerem suas economias e sistemas de organização social, governo e afins. O verdadeiro propósito era retomar a produção de suprimentos visando saciar as necessidades básicas das colônias de cada um dos lados.
No século 15, o conflito foi retomado, na segunda década,a U.P.N. avançou sob Neo-Asgard na esperança de destruir a capital e terminar com o conflito como a grande vitoriosa. Contudo, seus planos foram frustrados, rapidamente a U.T.R. derrotou tanto a frota quanto as incursões em solo. Derrotados, a U.P.N. tentou destruir as colônias adjacentes causando baixas, resultando em uma grande escalada.
A U.T.R., nesse momento, destruiu completamente novas colônias da U.P.N. deixando bilhões de mortos como lembrete a U.P.N.
O conflito continuou por mais algumas décadas, resultando em um novo cessar fogo em meados do século 16.
Os Tempos Atuais
Atualmente, no ano de 1727, ambos os lados respeitam o cessar fogo. Controlam a Edge com patrulhas constantes e satélites espiões. Suas incursões em busca de informações contra o outro lado são cirúrgicas, e rapidamente são abafadas pela imprensa dos dois lados.
Espiões transitam por ambos os lados e enquanto a U.P.N luta para controlar os três grandes conglomerados de empresas para não tomarem o controle do governo eleito, a U.T.R. sofre contra o crime organizado e suas várias facções.